Soneto
Pela minha vida, sem amargura,
Sem suspiro, vai uma dor sombria.
Dos meus sonhos, a fluorescência pura.
É a benção de meu mais tranquilo dia.
Às vezes cruza a trilha que acompanho
A grande questão. Sigo assim, frio,
Pequeno, como à margem de um rio
Do qual não ouso medir o tamanho.
Então me vem um lamento, um torpor
Cinza como, nas noites de verão,
Céus em que raro uma estrela se acende.
Minhas mãos tateiam por amor,
porque gostaria de fazer uma oração
Mas ela escapa à minha boca quente...
(Franz Kappus)
A parte que mais me toca deste soneto do livro "Cartas a um jovem poeta" de Rilke, é sem dúvida, a última estrofe em que o que eu extraio das palavras é, alguém que procura por amor e só o que encontra são relações carnais. Obviamente o conjunto da obra é algo muito mais extenso que isso, mas, de acordo com o timing da minha vida, me abstenho das outras partes.=p
Tudo me leva a crer que há muito tempo o amor é algo que existe mas muito difícil de se achar, é muito mais fácil se apaixonar por alguém, para depois conhecer a pessoa e o encanto se desfazer, como se as pessoas fossem objetos materiais descartáveis... Eu já me senti assim, mas, hoje em dia a casca é grossa, e confesso que já fiz isso com alguns carinhas por ai...
Mas o que acontece comigo hoje, é que eu assisto passivamente um massacre de garotinhos apaixonados de corações despedaçados, e eu sem encontrar minha cara metade...
Qual a dificuldade em encontrar alguém que seja perfeitinho pros meus sonhos? Fica mais difícil ainda quando você tá na fossa por causa do seu ex que acabou de se casar e está em lua de mel, e eu, com a plena certeza de que ele era o amor da minha vida...